Dor nas costas pode ser um problema sério
1 de março de 2020
Saúde
Um assunto bastante comum que afeta aproximadamente 80% da população brasileira: a dor nas costas. É um problema que interfere em diversas áreas da vida das pessoas, especialmente na sua capacidade funcional no trabalho. Segundo o INSS, a maioria dos pedidos de afastamento das atividades está relacionada ao distúrbio. Só em 2017 foram contabilizados 83,8 mil casos de licença por este motivo, segundo o órgão.
Segundo o neurocirurgião pela UNIFESP, com foco de atuação em coluna, Alexandre Elias, a prevalência dos casos de dores nas costas se dá por processos inflamatórios e degenerativos na região, sendo que ambos costumam ser potencializados por maus hábitos da própria pessoa. “São erros posturais, sedentarismo, excesso de peso corporal e de carga empregada, além de atividades físicas inadequadas, que em geral passam despercebidos nas ações cotidianas, gerando desgaste das articulações e estruturas adjacentes. E quando somados aos fatores de predisposição genética, tem-se um quadro bastante favorável ao desenvolvimento de problemas crônicos e de mais difícil solução”, explica o médico.
Como identificar o problema
Se houver dor nas costas por mais de três meses, é indício de que algo não está legal, segundo o especialista. Muitas pessoas se automedicam, mas deve-se tomar cuidado, pois pode trazer sérios riscos.
“Se tiver quadros dolorosos várias vezes e tomar analgésicos para sanar momentaneamente o problema, pode estar mascarando uma doença mais grave. Por isso, recomendo que registre quantas vezes essas crises aparecem, a intensidade e especialmente em quais situações. Isso facilita o diagnóstico de inúmeros distúrbios, como a hérnia de disco e até tumores”, diz o neurocirurgião.
Tratamentos mais eficientes
Segundo o especialista, quanto mais cedo a disfunção for identificada, mais chances o paciente tem de responder positivamente. “Inicialmente o tratamento é feito pela via medicamentosa, que pode sofrer alguns ajustes ao longo do caminho. Quando aliada a reabilitação postural e realização de exercícios de fortalecimento, tende a ser mais que suficiente”, contextualiza.
Porém, casos mais resistentes podem ter indicação de procedimentos cirúrgicos. “Quando a disfunção é crônica, precisamos agir direto na coluna. Um dos recursos que temos é injetar opioides específicos na estrutura da coluna. Para além disso, com o avanço da medicina, felizmente podemos contar com diversas possibilidades de cirurgias minimamente invasivas, com cortes reduzidos e menor tempo de recuperação”, explica.
Alexandre Elias lista algumas medidas para quem sofre com as dores e também para aqueles que querem se prevenir, veja:
Uso de saltos altos
O uso de sapatos com saltos, especialmente os mais finos, pode prejudicar o pescoço e a lombar ao longo do tempo. A dica é reduzir o tempo em cima deles e buscar opções que tenham elevação entre 2 e 3 cm, ou ainda solados com sistema que minimize o impacto do peso corporal contra o solo.
Angulação do pescoço ao usar o celular
A cabeça inclinada força o pescoço além do necessário, sobrecarregando a região e toda a cervical. Além disso, o excesso de peso também se reflete nos ombros e costas, podendo até mesmo ocasionar hérnias de disco. O médico aconselha colocar o telefone na altura dos olhos para evitar o problema.
Cuidados ao dormir
Seja qual for o material do travesseiro, o importante é que a sua elevação esteja alinhada com a cabeça. Usa-se, como média, uma altura de aproximadamente 10 centímetros. De acordo com o especialista, “a mesma atenção vale para o colchão, que deve acolher o corpo com flexibilidade, mas não permitir que ele afunde. A posição de dormir também é importante, sempre de lado e não de bruços ou barriga para cima”, explica.
Alimentação equilibrada
A obesidade pode trazer consequências sérias para a saúde da coluna e corpo como um todo, sobrecarregando suas estruturas. Por isso, controlar o peso por meio de uma alimentação balanceada, rica em proteínas, verduras, legumes e frutas é o caminho.
Praticar atividades físicas sob supervisão
Os exercícios ajudam no fortalecimento de músculos e ossos, liberam hormônios que reduzem a dor. Além de melhorar a capacidade funcional , por fim, a qualidade de vida.
Mas não esqueça: sempre que sentir dores intensas e com uma certa frequência, procure um médico.